Empreendedorismo jurídico é um termo que tem ganhado destaque nos últimos anos, mas ainda pode soar meio abstrato para muitos advogados. Afinal, quando pensamos em empreender, muitas vezes nos vem à mente a imagem de alguém com um negócio inovador, uma startup ou um produto revolucionário no mercado. Mas como isso se aplica ao direito?
O que é empreendedorismo jurídico?
No campo jurídico, empreender é usar a sua carreira de advogado para criar soluções, estruturar um negócio (geralmente um escritório de advocacia) e oferecer serviços que vão além do “feijão com arroz” da profissão. Não se trata apenas de abrir um escritório e esperar os clientes chegarem — é sobre ter uma visão estratégica, identificar oportunidades, criar formas de atuação diferenciadas e, principalmente, ser gestor do seu próprio negócio.
Ser empreendedor no direito significa ter a habilidade de inovar, de oferecer soluções criativas e personalizadas para problemas jurídicos e de usar novas tecnologias e práticas de gestão para melhorar tanto os serviços oferecidos quanto a experiência do cliente. Empreendedorismo jurídico não é só uma tendência, é uma necessidade no mercado moderno, onde os clientes buscam cada vez mais agilidade, transparência e resultados.
Agora, vamos falar de algo muito importante: a escolha do formato do seu negócio jurídico. Afinal, será que é melhor ter um escritório próprio ou entrar numa sociedade? Vamos ver os prós e contras de cada um!
Escritório próprio x sociedade: prós e contras
Aqui vai um dilema que muitos advogados enfrentam em algum ponto da carreira: abrir um escritório próprio ou entrar em uma sociedade? Cada opção tem suas vantagens e desvantagens, e o melhor caminho depende do seu perfil, seus objetivos e até da fase em que você se encontra profissionalmente.
Escritório próprio: o sonho de ser o seu próprio chefe
Montar um escritório próprio é, para muitos, a realização de um sonho. Você tem total liberdade para escolher o foco da sua atuação, o estilo do seu escritório e a forma como deseja gerir o negócio. Parece o cenário perfeito, não? Mas claro, essa autonomia vem com desafios.
Prós:
- Independência total: você decide tudo! Desde o tipo de cliente que quer atender até a decoração da sala;
- Flexibilidade: seus horários são os que você estipula. Se quiser fazer uma reunião às 7h da manhã ou às 7h da noite, é você quem manda;
- Identidade própria: o escritório é a cara do dono. É uma oportunidade de criar uma marca que reflete seus valores e a forma como você enxerga o direito.
Contras:
- Responsabilidade solo: tudo é por sua conta — desde os problemas jurídicos até o pagamento do cafezinho. O peso das decisões e dos erros é exclusivamente seu;
- Risco financeiro: o começo pode ser difícil, com poucos clientes e muitos custos. Ter um plano financeiro sólido é essencial para sobreviver aos primeiros meses (ou anos!);
- Gestão de tudo: advogar é só uma das suas funções. Como dono, você também precisa ser gestor financeiro, de marketing, de RH e de todas as outras áreas necessárias para manter o escritório funcionando.
Sociedade: unir forças para crescer junto
Entrar em uma sociedade de advogados é outra alternativa que traz suas próprias vantagens. Numa sociedade, você divide responsabilidades, custos e riscos com seus sócios, o que pode ser um grande alívio. Mas, claro, também divide as decisões e, às vezes, a autonomia.
Prós:
- Divisão de responsabilidades: um sócio pode cuidar da parte administrativa enquanto você se foca no trabalho jurídico. Ou vocês podem dividir tudo igualmente. De qualquer forma, o peso é dividido;
- Maior poder de investimento: com mais cabeças e bolsos no jogo, fica mais fácil alavancar o negócio, investir em infraestrutura, marketing e tecnologia;
- Troca de conhecimentos: ter sócios com experiências e especialidades diferentes pode enriquecer o negócio e permitir que o escritório ofereça um leque mais amplo de serviços.
Contras:
- Divisão de decisões: você não será mais o único a decidir. A sociedade implica em compartilhar ideias, ceder em algumas questões e, às vezes, lidar com conflitos;
- Dependência dos sócios: se um sócio não está comprometido com o sucesso do negócio, isso pode impactar diretamente o escritório e, claro, sua carreira;
- Diferenças na visão de futuro: é essencial que os sócios tenham uma visão parecida de onde querem chegar, caso contrário, o relacionamento profissional pode acabar se deteriorando.
No final das contas, tanto o próprio escritório quanto a sociedade podem ser ótimas opções, mas a escolha vai depender do que você valoriza mais: a liberdade total de decisão ou a segurança de ter parceiros ao seu lado.
Pode empreender sendo advogado?
Sim, pode! E, mais do que isso, deve! Empreender não significa, necessariamente, abrir uma empresa inovadora como o Uber ou o iFood. Para advogados, empreender significa usar o conhecimento jurídico para criar soluções para o mercado, seja em um escritório, numa consultoria, ou até em plataformas digitais.
Seja em que área for — direito empresarial, familiar, tributário ou até mesmo no emergente campo de startups e novas tecnologias — o advogado tem, sim, muitas oportunidades para empreender. Por exemplo, muitos advogados estão criando consultorias especializadas em compliance, proteção de dados ou direito digital. Outros estão utilizando ferramentas de automação e inteligência artificial para otimizar processos e oferecer soluções jurídicas mais eficientes.
Empreender sendo advogado pode, inclusive, significar encontrar maneiras inovadoras de precificar seus serviços, oferecer consultorias online ou até mesmo atuar como mediador em conflitos fora dos tribunais. O importante é ter uma visão de que o mercado jurídico não é estático, e que há muito espaço para inovação.
Como ser criativo no empreendedorismo jurídico?
Seja você advogado solo, parte de uma sociedade ou ainda pensando em como entrar no mercado, uma coisa é certa: a criatividade pode ser sua grande aliada no empreendedorismo jurídico. E, acredite, dá para ser criativo mesmo dentro de um campo tão tradicional quanto o direito.
Aqui vão algumas dicas de como trazer criatividade para o seu negócio:
1. Repensar o atendimento ao cliente
O cliente do século XXI espera mais do que um advogado formal e distante. Pensar em novas formas de atendimento pode ser um diferencial: reuniões online, atendimento personalizado via WhatsApp, relatórios detalhados sobre o andamento do caso em linguagem acessível — tudo isso são maneiras de encantar seu cliente e se destacar no mercado.
2. Modelos de precificação inovadores
Quem disse que a única forma de cobrar por um serviço jurídico é por hora? Muitos escritórios já estão adotando modelos de precificação por valor agregado, onde o cliente paga de acordo com os resultados obtidos. Ou ainda, pacotes de serviços mensais, como uma espécie de “assinatura jurídica”, garantindo acesso a uma série de consultorias.
3. Uso de tecnologia
Se você ainda não está explorando ferramentas tecnológicas, está ficando para trás! A automação de tarefas repetitivas, o uso de softwares de gestão de processos, contratos digitais e até a inteligência artificial são ferramentas que podem melhorar a eficiência do seu escritório, reduzir custos e oferecer um serviço mais ágil.
4. Marketing jurídico criativo
Esqueça a ideia de que advogado não pode fazer marketing. Dentro dos limites éticos da OAB, existem muitas formas criativas de se destacar. Desde blogs e produção de conteúdo jurídico nas redes sociais, até eventos e webinars especializados. O importante é construir uma presença forte, baseada em conteúdo de qualidade e, claro, autoridade no assunto.
O empreendedorismo jurídico é muito mais do que abrir um escritório. É sobre adotar uma postura ativa, criativa e estratégica na sua carreira de advogado. Seja com um escritório próprio, em sociedade ou explorando novas áreas e modelos de negócio, empreender no direito é, sim, uma grande oportunidade.
